A diferença entre Long e Medium Cage

21 de novembro de 2007 6 Por Renato

O artigo abaixo foi originalmente postado no Pedal por Wile E. Coyote, que traduziu o artigo original que pode ser encontrado aqui.

Os câmbios traseiros têm uma capacidade proporcional ao tamanho dos seus “braços”, que dão a eles a capacidade de agüentar diversos tipos de relação (pedivela x cassete). Por essa capacidade que você vai usar quase toda a extensão da corrente quando coloca uma relação coroa grande na frente e atrás (marcha cruzada) e por outro lado vai ter vários elos dobrados nas roldanas só ocupando espaço quando é usada a relação coroa pequena na frente e atrás.

Claro que essas marchas raramente serão utilizadas, ainda mais por causarem um desgaste excessivo da corrente, mas o exemplo serve para entender a necessidade do long/medium/short cage.

Bom, de acordo com os fabricantes, os câmbios tem as seguintes capacidades:
Shimano long = 45T; medium = 33T
SRAM long = 43T; medium = 37T; short = 30T

De acordo com a própria experiência do autor, a Shimano é bem conservadora em relação a capacidade dos câmbios, quer dizer, eles sempre dão uma certa margem de erro em relação ao que realmente os seus produtos suportam. Então provavelmente a SRAM deve adotar a mesma política.

Veja abaixo uma formula bem simples de descobrir a capacidade dos câmbios:

Capacidade dos câmbios (T) = (coroa grande – coroa pequena do pedivela) + (coroa grande – coroa pequena do cassete)

Então, para um pedivela típico 44-32-22 e um cassete 11-34

$latex T = (44T – 22T) + (34T – 11T)$
$latex T = (22T) + (23T)$
$latex T = 45T$

Portanto, usando somente essa fórmula é possível ver que é preciso um câmbio com capacidade para suportar uma coroa de 45T para absorver todos os elos extras necessários para uma relação de 27 marchas.

(Como dito anteriormente, o autor acredita que a capacidade dos câmbios SRAM são bem conservadoras, pois de acordo com os dados do fabricante o long cage suporta somente 43T — 2T a menos do que é requerido de acordo com esta fórmula).

Então, pra que servem os câmbios com braços mais curtos?

Teoricamente somente o long cage suportará o uso da combinação 22×11 de forma que fique assegurada uma tensão adequada da corrente sem que o cambio deixe a corrente frouxa e ela caia. Mas na prática, essa é uma relação que ninguém usa. A relação 22×11 é simplesmente inútil.

Além de usar uma fórmula genérica, o autor mapeou a capacidade de cada combinação de marchas (baseadas na relação Shimano; SRAM será um pouco diferente, mas já dá pra ter uma idéia):

Capacidade do câmbio traseiro

A combinação 44×34 começa com zero porque nessa combinação toda a corrente está sendo usada pelo cassete e pela coroa do pedivela e o câmbio não precisa se dobrar para compensar o excesso de corrente na relação. Para entender, é só pensar que usando a coroa grande no pedivela e no cassete a corrente ficará totalmente tensionada, quase que esticada. Portanto, de acordo com que se passa a marcha do cassete para baixo (movendo a coluna para baixo), a quantidade de corrente livre será maior de acordo com que a quantidade de corrente livre aumenta.

Agora, observe as marchas que são “usáveis”, que na tabela estão de verde e amarelo. Essas marchas ficam bem próximas da capacidade dos câmbios medium cage. (Foi mencionado que a capacidade dos câmbios Shimano são bem conservadoras, e na prática, o autor supõe que o Medium Cage da shimano fica bem próximo de 39T).

Como exemplo, pode-se observar que na coroa do meio do pedivela (32) e na coroa pequena do cassete (11), a tabela mostra que é necessário absorver 35T. Isso é bem perto da capacidade dos câmbios medium cage. Essa combinação continuará sendo “usável” com o medium cage, mas será melhor usar a coroa grande do pedivela com uma menor no cassete para se obter uma tensão de corrente mais apropriada (ver tabela: a relação 32×11 = 35T, marcada de amarelo).

Pode-se notar também que se usar um câmbio short cage da SRAM (capacidade 30T) irá deixar a relação com duas ou três marchas não-usáveis na coroa do meio do pedivela e deixará no máximo somente 3 marchas usáveis na coroa grande do pedivela (qualquer número maior do que 30T na tabela será próxima a capacidade de um câmbio short cage).

E se por acidente alguma combinação marcada de vermelho na tabela for colocada por acidente (coroa pequena com coroa pequena)? Simplesmente o câmbio irá se dobrar ao máximo, a corrente ficará muito frouxa e na pior das hipóteses a corrente irá cair se você não notar a tempo.

Na opinião do autor, seria estupidez colocar uma corrente menor do que o necessário para se usar a relação 44X34 (coroa grande X coroa grande= relação cruzada). Se caso você forçar essa relação, que certamente é uma coisa possível, ainda mais em momentos de cansaço ou concentração, nada irá se quebrar. Portanto o tamanho da corrente será o mesmo, não importando qual câmbio você escolher.

Comprimento da corrente

Então, quais são os benefícios de um câmbio com braço mais curto?

  • Passagens de marcha mais precisas;
  • Melhor tensão de mola;
  • A corrente irá bater menos /diminuição significativa de barulho da relação;
  • O braço do câmbio fica mais alto deixando-o mais longe dos obstáculos e dos raios;
  • Diminuição de peso – mas você tem que ser um aficionado por peso pra levar essa diferença em conta.

(Texto traduzido e adaptado do fórum do MTBR.com; Autor: Speedub.Nate; http://forums.mtbr.com/showthread.php?t=205890)

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