Guaricana – Chaminé

8 de junho de 2008 15 Por Renato

Guaricana chaminé castelhanos

Usinas Guaricana e Chaminé.

O final de semana prometia. Os Jacus de 2 rodas haviam me convidado para o pedal Bat Masterson, um pedal difícil, nervoso. Como já havia combinado um pedal com o RGG e os Jacus acabaram se dispersando, o Mr. Burns aceitou o nosso convite para mais uma clássica do pedal.

E eu, finalmente, fui fazer a famosa, fatídica Guaricana-Chaminé. Guaricana e Chaminé são duas usinas hidrelétricas que ficam em São José dos Pinhais, na serra do mar. Lugar de difícil acesso, poucos carros trafegam por lá, mas a paisagem é demais. Apesar do dia ter começado com uma neblina daquelas (o aeroporto chegou a ficar fechado por 10 horas) não estava frio.

Decidimos seguir pela Colônia Murici, até a Malhada. Dali pegaríamos a estrada para Roça Velha, outro local que ainda não conhecia. Ali na Murici encontramos uma patrola semeando cascalho, com bem dizem os Sombra Bikers.
Patrola Guaricana chaminé castelhanos

A prova do crime.

O caminho que faríamos já estava no gps, então era só seguir a o roteiro. Demos uma parada na estrada que leva ao morro Redondo, mas infelizmente não dava para ver nada. Nesta região já começa o sobe-e-desce, e atingimos o ponto mais alto do pedal: 1088 m. A região, originalmente com mata atlântica, tem agora reflorestamento com pinus. Chega ser cômico, não fosse trágico. Quilômetros e quilômetros de pinus, aridez completa. A pergunta: qual idiota permite este crime? Agora adivinhem de quem é o “reflorestamento”? Comfloresta.

Floresta de pinus Guaricana chaminé castelhanos

Mata atlântica: pinus para todos os lados.

Mais alguns quilômetros chegamos em outra bifurcação. Seguimos em direção a UHE Chaminé. As duas hidrelétricas estão no roteiro de um pedal. Das duas, Guaricana é a mais distante. Outro local para explorar é a Colônia Castelhanos, mas isto é história para outro pedal.

Guaricana chaminé castelhanos

Guaricana: o próximo alvo.

O sol aparecia com uma preguiça danada e como estávamos no meio de uma serra, não sabíamos se era manhã ou tarde, uma sensação estranha. Como a gente não sabia onde começava o subidão de 5 km, toda hora a gente achava que iria subir. Nada! Ficávamos alternado subindo e descidas, agora em uma estrada que só passa veículos com tração nas quatro rodas, ou ciclistas, com muita lama.

Jurassic Park Guaricana chaminé castelhanos

Mata atlântica: Jurassic Park. Olhe o tamanho da samanbaia!

E começamos a descer. Foi tanta descida, e aquela preocupação do que teríamos de subir, que quando chegamos a uma ponte (provavelmente o rio São João) vimos o tamanho da roubada: alcançamos os 300 m acima do nível do mar. E a rodovia estava lá em cima, na altitude de 800 m.

Rio São João Guaricana chaminé castelhanos

Acabou a descida, agora só para cima.

Agora, sim! Teríamos uns 5 km para subir 500 m, ou seja inclinação de 10%, ainda bem que a estrada é muito boa, sem pedras soltas. Mas que é dureza, lá isto é.

Guaricana chaminé castelhanos

Mr. Burns, subindo em direção ao céu.

O Mr. Burns que arranjar um nome para esta clássica. Pensamos em muitos nomes, mas não decidimos nada. Ajude-nos e deixe sua idéia nos comentários.

Finalmente alcançamos a BR-376, bem próximo ao posto da PRF, do alto da serra. Paramos no boteco que tem ali, e mandamos ver alguns refrigerantes, por que a água fazia tempo que havia acabado. Eram 17:00 h quando começamos a pedalar no asfalto. Logo iria escurecer. Por sorte não tirei o farol de capacete o que facilitou a subida, mas o Mr. Magoo não enxergava um palmo à frente do nariz, mas mesmo assim pedalamos em um ritmo forte.

Quase chegando em São José, no bairro Barro Preto, sugeri entrarmos pelo bairro para desviar a BR, que estava com um movimento bastante intenso. Ainda comentei com eles que havíamos pedalado já uns 130 km (no meu caso) e não tínhamos sequer furado um pneu. Por que fui falar isto!

Descendo uma rua bem asfaltada, com iluminação e tudo o mais, não vi uma lombada, enquanto guardava a caramanhola no suporte. Bati na lombada segurando o guidão com apenas uma mão. Foi um cacete só, a bike pulou, fui jogado para cima do guidão e andei alguns metros pendurado na bicicleta, por cima do guidão e freiando. Acabei perdendo o equilíbrio e voando por cima. Caí me arrastando pelo chão, embrulhado com a bike. O Mr. Burns viu tudo e até agora não sabe como fiz para ficar tanto tempo em cima da bike. O RGG correu perguntado como estava o meu rosto, pois ele me viu beijando o chão. Nada, nenhum arranhão, nem no capacete.

Na bike lixei as manetes do freio, o suporte do farol, o gps e mais nada. Ah, vejam como ficou o meu relógio:

Guaricana chaminé castelhanos
Hoje cedo fui ao médico e, felizmente, não quebrei nada. Só a dor da pancada e os esfolados no joelho e no cotovelo. Na queda fui com as mãos ao chão e, por incrível que pareça, não há qualquer sinal de desgaste. Ou seja, o uso de equipamento de segurança é imprescindível, não fosse por eles hoje eu estaria em pior condição.

O pessoal da casa em frente a lombada me atendeu, queriam até chamar o SIATE, mas eu estava me sentindo bem. Pedalei mais 10 km até chegar em casa. Mas que doeu, doeu!

Números do pedal:

  • Total acumulado de subida: 2579 m
  • Altitude máxima atingida: 1088 m
  • Tempo de pedal: 7h52min
  • Tempo parado: 3h56min
  • Vel. max.: 56,2 km/h
  • Média: 17,7 km/h
  • Total pedalado: 142,63 km

Trajeto no Google Maps: