Deu no estadão
‘O doping é como a máfia’, diz especialista
Ex-presidente da Wada, Dick Pound afirma que a estrutura criada para beneficiar atletas que trapaceiam é igual à das organizações criminosas
Odiado por muitos atletas e dirigentes, o advogado canadense Richard Pound diz que não sente saudade de seu antigo trabalho – no início do ano, deixou a presidência da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), entidade que ajudou a criar e comandava desde 1999. Mas não se vê fora da briga quando o assunto é o uso de substâncias proibidas.
Pound afirmou, em entrevista ao jornal alemão Der Spiegel, que a disseminação do doping pelo mundo usa estrutura semelhante à da máfia. Deve, por isso, ser combatida da mesma maneira. “O doping é como a máfia. Precisamos da colaboração da polícia e dos promotores. Nossas armas são muito limitadas: nós só podemos testar urina e sangue. Os investigadores podem ler e-mails, grampear telefones, um arsenal maior do que uma amostra de xixi.”
O dirigente também faz um alerta: o doping genético não é ficção. “Já sabemos que existem testes, por isso temos de tratar o assunto seriamente. Uma coisa é certa: quando o doping genético for possível, o uso de esteróides anabolizantes será tão moderno quanto pinturas pré-históricas.”
Segundo Pound, “o mundo de quem se dopa é um mundo de doentes”. Para corroborar sua tese, contou a história de um cientista da Escola de Medicina da Pensilvânia, nos EUA. “Lee Sweeney conseguiu aumentar em 35% a massa muscular de um rato graças à engenharia genética. Metade dos e-mails que recebe é de atletas dizendo: ‘Tente isso comigo’. Sweeney responde que não sabe como o corpo humano reagiria a tal intervenção. Mas os atletas pedem: ‘Tudo bem, faça o teste.’”
Ex-nadador, Pound tem hoje 66 anos. Nos Jogos de Roma, em 1960, foi 6º colocado nos 100 m livre – o brasileiro Manoel dos Santos ficou com o bronze. Membro do Comitê Olímpico Internacional desde 1978, diz que despertou para o doping em 1988, nos Jogos de Seul. “Foi quando, pela primeira vez, estive frente a frente com um atleta acusado de trapacear. Foi meu compatriota Ben Johnson, que tinha acabado de vencer os 100 m rasos com um recorde mundial.”
Fonte: [O Estado de São Paulo]
Renato…Desculpe o meu comentário no artigo do Niels Albert… mas me irrita qq atitude que signifique a destruição de uma vida, e acho que quem está envolvido com uma cosa que significa vida, a prática de esportes, não poderia dar um exemplo de tão pouco valor pela própria vida! Creio q esta é mais uma constatação de que as pessoas precisam se voltar um pouco para si, para descobrir o que sentem, procurar lidar com suas emoções, enfim, pensar mais, ler mais, filosofar mais. Vejo a humanidade cada vez em busca de emoções mais fortes, mais sangue, mais velocidade, mais vitórias. E cada vez com menos tempo para pensar na vida, nas pessoas, nos amores. Estamos todos caminhando para um processo de dissociação coletiva desesperada da realidade. Cada vez mais procurando fora o que deveria procurar dentro de si. Campanha Gerinho de Utilidade Pública! heheheh É pena, mas só rindo desta tragicomédia, podemos seguir em frente com otimismo, saúde e bom humor!
Rogério, na verdade o problema se resume apenas ao dinheiro envolvido. E é muita grana!