Carros: teremos futuro?
O Zaka postou ontem um bem humorado desenho da Disney com o Pateta em um momento road rage.
Hoje o Fritz aponta para o Streetsblog que desenterra uma pérola da Disney: Magic Highway USA.
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=6S18LCISRm4]
Apesar de estar em inglês é bem didático e mostra a visão que a sociedade tinha do futuro em 1958. Mostra principalmente a carro-dependência criada na população americana e o consumismo (em uma das cenas o pai vai ao trabalho e a mãe e o filho vão ao shopping). Leiam os comentários!
Nos comentários é indicado outro desenho satirizando a indústria automobilística:
[youtube=http://br.youtube.com/watch?v=8aTjof5fqQo]
Acho curioso que alguns dos comentários defendam que aqueles avanços nos teriam livrado do caos actual e que os transportes públicos são um mau investimento…
Com a importância de tornar as cidades adequadas às pessoas em vez de adequadas aos carros, acho assustador o que é mostrado no vídeo. Cidades sem ruas, onde toda a gente anda enfiado numa lata, despende quantidades imensuráveis de energia em todas as deslocações, não contacta com ninguém (o carro fica na janela do escritório), e para ir a algum lado tem que se ir meter fechado num centro comercial.
O vandalismo de todo o espaço público a um nível mundial com auto-estradas e afins é outra visão aterradora…
Mesmo com utilização de energias renováveis, escapa a quem imaginou tudo isto a escalabilidade das soluções. Os engarrafamentos não seriam evitáveis, já que a quantidade de veículos em circulação não seriam apenas 2 ou 3 como no vídeo…
Tal qual as propagandas de automóveis, eles vendem uma idéia de liberdade, espaço, amplidão. Aos poucos estamos chegando no limite, mas os governantes parecem não querer olhar para o problema que se aproxima.
A grande questão que se coloca é como tomar às cidades dos carros?
Alguns pontos interessantes dos dois desenhos:
No primeiro, reparem que ninguém CAMINHA mas mesmo assim, os personagens são magrinhos. Bem o contrário da obesa população norte-americana. Tanto ‘conforto’ cobra o seu preço.
Já o segundo desenho reflete bem a propaganda da indústria automobilística, bem no finalzinho, um carro por 545 dólares (creio), mas com os acessórios, custa 8 mil e tantos. Bem como aqui no Brasil.
Mas o fato é: 99% das pessoas desejam um automóvel. Seja ele para ter status, pra pegar mulher, pra ter conforto. Os defensores de meios de transporte alternativo não tem a grana e o poder na mídia (ou alguém já viu um programa na Globo chamado “Bike Esporte” ou “Ônibus Legal”??
Não quero condenar o automóvel. Ele tem sua utilidade, o problema é o uso indiscriminado que fazemos dele.
Abraços e boas pedaladas.
Amo andar de bike, tenho uma Nishiki que comprei há vinte anos (Janeiro de 1996) e que já estou na segunda mecânica dela (a primeira era Acera X, quando terminou de derreter no final de 2014 coloquei Alivio). Mas não gosto dessa atitude de culpar o automóvel por todos os males. Havia um desenho da própria Disney que dizia “o aço do carro é fácil desamassar, o corpo humano, é dificil curar”. Mas tirando todos os aparatos tecnológicos (carros, bicicletas, etc) o que sobra somos nós que nos utilizamos deles. A questão é não virarmos escravos deles e isto é uma obra pessoal de cada um. Não vou ser contra alguém porque ele quer ir de carro, desde que siga as regras. Mas também não gosto de umas regras extremamente “sacanas” que andam rolando por ai.
O status quo utiliza uns exemplos de bêbados a 120 km por hora que fizeram desgraças para obrigar todo mundo a andar a 20 por hora. Por fim, arquitetura e política deveriam ser ciências e não religião. Tanto os carros quanto as cidades estão ai para nos servir, e não o contrário.